quarta-feira, 6 de maio de 2020


Atividade programada
HISTÓRIA
Prof. Jerri Almeida
Turma: 91 e 92
Dias: 04 a 15 de Maio

REBELIÕES NA REPÚBLICA VELHA

No Brasil, entre 1889-1930, havia grande instabilidade política. A difícil situação econômica dos pobres e a insatisfação com o domínio dos grandes fazendeiros geraram vários movimentos populares.

1.Cangaceiros e coronéis no sertão nordestino

Menino pobre, analfabeto, mora com os pais num barraco de pau e lama seca. Um dia, o coronel avisa que quer aquele pedaço de terra para criar gado. O pai se recusa a ceder a terra, porque a roça é garantia da sobrevivência no sertão. Desafia o latifundiário. Então chegam os jagunços do coronel e fuzilam o pai e a mãe do garoto. O menino foge dali. Nunca esquecerá aquela cena. Mas tarde, se junta a um bando de pessoas com um passado semelhante: miséria, violência, ódio dos coronéis. Surge desse quadro os grupos de cangaceiros. Desde o final do século XIX até os anos 40 do século XX, havia mitos bandos de cangaceiros no interior do Nordeste. Atacavam fazendas e pequenas cidades para roubar. O cangaceiro mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, de apelido Lampião.
Os cangaceiros eram bandidos terríveis. Roubavam, torturavam e matavam. Mas os jagunços dos coronéis eram igualmente violentos. Os coronéis mandavam matar os membros das famílias de coronéis rivais. Os cangaceiros não contestavam os valores da sociedade rural nordestina. Eram violentos porque aquela sociedade era violenta. Na verdade, os cangaceiros não contestavam nem mesmo o coronelismo. Os chefes cangaceiros montavam alianças com certos coronéis. Um fazendeiro protegia o bando de Lampião, por exemplo, porque os cangaceiros atacavam as fazendas de outros fazendeiros rivais. Por volta de 1940, já no governo de Getúlio Vargas, o cangaço praticamente deixou de existir. Um dos motivos de seu desaparecimento foi a perseguição policial implacável, fruto do fortalecimento da presença do Estado.

2.A Revolta da Vacina (1904)

“Os pobres que se danem! Eles não podem impedir o progresso da cidade!” Com esse tipo de pensamento, o prefeito Pereira Passos iniciou as reformas urbanas do Rio de Janeiro no começo do século XX.  A mentalidade positivista valorizava a modernidade. E o modelo da modernidade era Paris. Portanto, a capital do Brasil seria moderna quando ficasse parecida com a capital francesa.
O prefeito Pereira Passos ordenou a abertura de largas avenidas no centro da cidade. Só que, para alargar as ruas, era preciso derrubar as casas. O problema é que essas casas eram habitadas por pessoas pobres. Mas o governo não se preocupou e manteve a demolição. A opção dos moradores, então, foi subir os morros, onde havia barracos desde a abolição da escravatura.
Em seguida, Pereira Passos encomendou ao médico Oswaldo Cruz um plano de saneamento. Para acabar com doenças como a febre amarela, a varíola e a peste bubônica. A ideia era boa, mas o governo quis fazer tudo autoritariamente, sem esclarecer a população. Resolveu que todos deveriam se vacinar contra a varíola. Naquela época, vacina era uma novidade para muita gente, e as pessoas tiveram medo. O que fez o governo? Em vez de esclarecer a população, estabeleceu a vacinação obrigatória. Com polícia e tudo. Agulha e revólver unidos contra o povo. No dia marcado para o início da vacinação a multidão foi para a rua, derrubou os bondes, arrancou os trilhos, montou barricadas (pilhas de entulhos para bloquear a rua, impedindo a passagem das tropas).
O quebra-quebra se espalhou por vários bairros pobres da cidade. As tropas da polícia tiveram de ser reforçadas. Depois de muitos combates, houve mortes e centenas de prisões. Um dos capturados, famoso capoeirista, disse a um jornal: “Essas coisas são boas para o governo saber que a negada não é carneiro, não.”

3.A Revolta da Chibata

No início do século XX, a marinha de guerra do Brasil ainda tinha costumes do tempo da escravidão. Se um marinheiro cometesse uma falta, como não lavar direito o convés, por exemplo, o oficial poderia castigá-lo com chibatadas. Era aviltante. Depois dessa, não é preciso nem falar do horror que o soldo (salário), das baratas nos alojamentos, do prato de comida intragável, do serviço militar obrigatório de três anos.
O governo resolveu então modernizar a marinha. E o que significa “modernizar”? Seria acabar com as chicotadas? De jeito nenhum! Modernizar era comprar navios de guerra de última geração encomendados em estaleiros ingleses. Canhões novos, mas chicotes antigos. Diante desse quadro opressor, os marinheiros se amotinaram, se rebelaram contra os comandantes. Assumiram o comando dos navios e ameaçaram bombardear os bairros elegantes do Rio, caso não fossem ouvidos. Na liderança, o cabo João Cândido, o Almirante Negro. O governo foi obrigado a negociar. Assim acabaram as chibatadas nos marinheiros do Brasil. Mais tarde, eles foram traídos e expulso da marinha. Muitos foram jogados na cadeira e alguns até fuzilados. Mas os castigos corporais foram para sempre eliminados da marinha brasileira.

ATIVIDADE

1.Compare os três exemplos de movimentos citados neste texto. Existe alguma semelhança entre eles? Todos foram “movimentos populares”?

2.Qual desses movimentos nos oferece explicações sobre o surgimento/aumento das favelas nos morros do Rio de Janeiro? Justifique.

3. Existia uma “mentalidade senhorial-escravista” presente na marinha brasileira, mesmo após o fim da escravidão? Argumente.

4. Comparativamente ao período da República Velha, como você percebe o Brasil de hoje? Mudanças? Permanências? Qual sua avaliação?

5. Existe alguma semelhança entre o período da Revolta da Vacina, ocorrida no Brasil no início do século 20, com a pandemia do cor