Atividade
programada
HISTÓRIA
Prof. Jerri
Almeida
Turma: 91 e 92
Dias: 04 a 15 de Maio
REBELIÕES NA REPÚBLICA VELHA
No
Brasil, entre 1889-1930, havia grande instabilidade política. A difícil
situação econômica dos pobres e a insatisfação com o domínio dos grandes fazendeiros
geraram vários movimentos populares.
1.Cangaceiros e
coronéis no sertão nordestino
Menino
pobre, analfabeto, mora com os pais num barraco de pau e lama seca. Um dia, o
coronel avisa que quer aquele pedaço de terra para criar gado. O pai se recusa
a ceder a terra, porque a roça é garantia da sobrevivência no sertão. Desafia o
latifundiário. Então chegam os jagunços do coronel e fuzilam o pai e a mãe do
garoto. O menino foge dali. Nunca esquecerá aquela cena. Mas tarde, se junta a
um bando de pessoas com um passado semelhante: miséria, violência, ódio dos
coronéis. Surge desse quadro os grupos de cangaceiros. Desde o final do século
XIX até os anos 40 do século XX, havia mitos bandos de cangaceiros no interior
do Nordeste. Atacavam fazendas e pequenas cidades para roubar. O cangaceiro
mais famoso foi Virgulino Ferreira da Silva, de apelido Lampião.
Os
cangaceiros eram bandidos terríveis. Roubavam, torturavam e matavam. Mas os
jagunços dos coronéis eram igualmente violentos. Os coronéis mandavam matar os
membros das famílias de coronéis rivais. Os cangaceiros não contestavam os
valores da sociedade rural nordestina. Eram violentos porque aquela sociedade
era violenta. Na verdade, os cangaceiros não contestavam nem mesmo o
coronelismo. Os chefes cangaceiros montavam alianças com certos coronéis. Um
fazendeiro protegia o bando de Lampião, por exemplo, porque os cangaceiros
atacavam as fazendas de outros fazendeiros rivais. Por volta de 1940, já no
governo de Getúlio Vargas, o cangaço praticamente deixou de existir. Um dos
motivos de seu desaparecimento foi a perseguição policial implacável, fruto do
fortalecimento da presença do Estado.
2.A Revolta da
Vacina (1904)
“Os
pobres que se danem! Eles não podem impedir o progresso da cidade!” Com esse
tipo de pensamento, o prefeito Pereira Passos iniciou as reformas urbanas do
Rio de Janeiro no começo do século XX. A
mentalidade positivista valorizava a modernidade. E o modelo da modernidade era
Paris. Portanto, a capital do Brasil seria moderna quando ficasse parecida com
a capital francesa.
O
prefeito Pereira Passos ordenou a abertura de largas avenidas no centro da
cidade. Só que, para alargar as ruas, era preciso derrubar as casas. O problema
é que essas casas eram habitadas por pessoas pobres. Mas o governo não se
preocupou e manteve a demolição. A opção dos moradores, então, foi subir os
morros, onde havia barracos desde a abolição da escravatura.
Em
seguida, Pereira Passos encomendou ao médico Oswaldo Cruz um plano de
saneamento. Para acabar com doenças como a febre amarela, a varíola e a peste
bubônica. A ideia era boa, mas o governo quis fazer tudo autoritariamente, sem
esclarecer a população. Resolveu que todos deveriam se vacinar contra a
varíola. Naquela época, vacina era uma novidade para muita gente, e as pessoas
tiveram medo. O que fez o governo? Em vez de esclarecer a população, estabeleceu
a vacinação obrigatória. Com polícia e tudo. Agulha e revólver unidos contra o
povo. No dia marcado para o início da vacinação a multidão foi para a rua,
derrubou os bondes, arrancou os trilhos, montou barricadas (pilhas de entulhos
para bloquear a rua, impedindo a passagem das tropas).
O
quebra-quebra se espalhou por vários bairros pobres da cidade. As tropas da
polícia tiveram de ser reforçadas. Depois de muitos combates, houve mortes e
centenas de prisões. Um dos capturados, famoso capoeirista, disse a um jornal:
“Essas coisas são boas para o governo saber que a negada não é carneiro, não.”
3.A Revolta da
Chibata
No
início do século XX, a marinha de guerra do Brasil ainda tinha costumes do
tempo da escravidão. Se um marinheiro cometesse uma falta, como não lavar
direito o convés, por exemplo, o oficial poderia castigá-lo com chibatadas. Era
aviltante. Depois dessa, não é preciso nem falar do horror que o soldo
(salário), das baratas nos alojamentos, do prato de comida intragável, do
serviço militar obrigatório de três anos.
O
governo resolveu então modernizar a marinha. E o que significa “modernizar”?
Seria acabar com as chicotadas? De jeito nenhum! Modernizar era comprar navios
de guerra de última geração encomendados em estaleiros ingleses. Canhões novos,
mas chicotes antigos. Diante desse quadro opressor, os marinheiros se
amotinaram, se rebelaram contra os comandantes. Assumiram o comando dos navios
e ameaçaram bombardear os bairros elegantes do Rio, caso não fossem ouvidos. Na
liderança, o cabo João Cândido, o Almirante Negro. O governo foi obrigado a
negociar. Assim acabaram as chibatadas nos marinheiros do Brasil. Mais tarde,
eles foram traídos e expulso da marinha. Muitos foram jogados na cadeira e
alguns até fuzilados. Mas os castigos corporais foram para sempre eliminados da
marinha brasileira.
ATIVIDADE
1.Compare os
três exemplos de movimentos citados neste texto. Existe alguma semelhança entre
eles? Todos foram “movimentos populares”?
2.Qual desses
movimentos nos oferece explicações sobre o surgimento/aumento das favelas nos
morros do Rio de Janeiro? Justifique.
3. Existia uma
“mentalidade senhorial-escravista” presente na marinha brasileira, mesmo após o
fim da escravidão? Argumente.
4. Comparativamente
ao período da República Velha, como você percebe o Brasil de hoje? Mudanças?
Permanências? Qual sua avaliação?